Bruxaria no Caminho
Nós já estávamos caminhando há sete horas, quase vinte e cinco quilômetros em terreno difícil e eu estava exausta, suja de lama e molhada. A chuva nos pegou na trilha no meio da mata fechada, na subida íngreme até Villafranca del Bierzo. Eu estava meio receosa, não queria voltar aquele lugar. Ali vivia Jesus Rato, o bruxo. Em boca miúda, se escutava entre os peregrinos as histórias estranhas sobre ele e seus poderes mágicos, coisas que estavam muito além da minha limitada compressão, mas das quais havia participado na minha primeira aventura no Caminho de Santiago. No último albergue onde paramos, durante a noite, só se falava em Jesus Rato e os rumores percorriam o alojamento. - Acho que não quero parar em Villafranca, não sou muito chegado à bruxaria. - Que bobagem, Marcelo, vamos embora, não dá para pular partes do Caminho. - Vá você então. Um amigo me contou que aquele homem tem poderes tipo telepatia, faz coisas se movimentarem na nossa frente, dá vida a o...