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Mostrando postagens de agosto, 2020

Como viajar depois do Covid?

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     Os últimos anos testemunharam um “boom” nas viagens internacionais como nunca visto antes. Bilhões de pessoas cruzaram o planeta à turismo ou à trabalho trazendo lucros fenomenais para companhias aéreas, agencias de viagens e setor hoteleiro.  Os brasileiros responderam por uma significativa percentagem desses viajantes.    Com a pandemia, as pessoas se viram, de repente, impedidas de sair de suas cidades e os aviões ficaram nos pátios dos aeroportos.  Vieram as restrições de viagem e, principalmente, o medo. Muitos, que baseavam suas vidas em onde passar as próximas férias, além de enclausurados, sentiram uma espécie de vazio, de falta de objetivo.    Bom, essa mobilidade sem limites de verdadeiras massas humanas em 1,4 bilhões de voos internacionais só em 2018, foi um dos fatores que facilitou a transmissão do vírus. A epidemia também nos mostrou como o que acontece do outro lado do mundo pode afetar você aqui no Brasil, mesmo que nunca tenha saído da sua cidade.    E agora, com

“A vacina é minha!”- porque o ser humano precisa guerrear

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         Em todo o mundo, são 166 candidatas a vacina contra Covid. O Brasil está participando no desenvolvimento de cinco delas, que estão na fase 3 dos testes. Nesta fase é desenvolvido um ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da sua eficácia e segurança em maiores populações. Apenas depois dessa fase é que se pode fazer um registro sanitário.  As vacinas em teste no Brasil são a da Universidade de Oxford, duas chinesas (Sinovac e Sinopharm), Moderna (americana) e da BionTec/ Pfiser(alemã e americana) . A vacina russa também está em vias de iniciar testes no Brasil, após aprovação da ANVISA.    No início da epidemia, as pessoas apostavam na solidariedade mundial e pensavam que um esforço científico conjunto e organizado seria a melhor resposta para a criação de uma vacina eficaz e segura, no menor tempo possível. Essa expectativa não se concretizou.     A busca pela vacina transformou-se em uma corrida nacionalista que remet

A novidade

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      Era bem cedo quando K. abriu os olhos e espiou a claridade que entrava pela fresta da janela. Mais um dia igual a todos os dias. Já eram 73 marcas no calendário da geladeira, e K. havia se acostumado ao passar lento e repetido do tempo.  Levantava-se, tomava seu café, assistia ao primeiro jornal da manhã anotando o número dos mortos do dia anterior, molhava suas sempre-vivas, limpava a casa, preparava seu almoço, dormia, acordava, via televisão, lia um pouco à noite, dormia, acordava, levantava-se, tomava seu café, assistia ao primeiro jornal da manhã anotando o número de mortos do dia anterior, molhava suas sempre-vivas, limpava a casa, preparava seu almoço, dormia, acordava. Não havia domingos ou feriados.    K. não falava mais com os amigos e parentes. Todas as vezes que tentou, sentiu-se mais só. Conversas online nunca substituíram sua necessidade de um abraço, de contato físico. Desistiu de sair para as compras também. Tudo o que precisava chegava na porta do seu apartamento

Amor nos tempos de Covid

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    Aplicativos de matching , ou sites de paquera, como Tinder e OkCupid são dos mais acessados no mundo. Sua clientela é constituída por milhões de pessoas procurando diversão, amizade, uma noite de sexo ou até um companheiro ou companheira para a vida toda. O critério pessoal de escolha dos pares é geralmente atração física. Após horas, ou até alguns minutos de conversa online, o encontro real pode acontecer; entre pessoas do mesmo sexo, sexo oposto, idades próximas ou muito diferentes, não importa, desde que haja a esperança de “curtir o momento” e fugir da solidão, o grande bicho-papão.   Com a chegada da epidemia, muitos podem supor que esses aplicativos sofreram sério revés e perderam muitos clientes, desde que encontros físicos tornaram-se um caminho certo para a transmissão do vírus que tem levado milhões aos hospitais e ao óbito.   Na verdade, não é bem assim como tem acontecido. Segundo o CEO do Tinder , o coronavírus teve um efeito “dramático” na forma como as pessoas usa

Prometeu

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  Pobre Prometeu, pelas dores dos homens foste arrebatado e ignorados todos os perigos, o Fogo celeste roubaste para presentea-lo às pobres criaturas.  Deuses e titãs enganaste e das doçuras do Olimpo, para sempre foste exilado.   Percorreste distantes mares com a perene Chama fugindo da cólera divina, dos raios da potestade tudo por amor aos mortais, tudo pela humanidade. Entregaste o Fogo a eles e inicia aí o teu drama. Vede que sofrimentos recebe um deus dos outros deuses! Agora acorrentado nesse rochedo coberto de sargaços Abutres insaciáveis arrancam de teu corpo enormes pedaços. Valeu teu sacrifício para iniciar os homens nos mistérios de Elêusis?   Deste aos mortais a fonte da prosperidade, das ciências e das artes Eles a transformaram em ambição e orgulho, só fumaça. Liberte-se, Prometeu. Procura outro rochedo e outra raça Quem sabe noutro tempo, em outras partes.                                                                                                                   *

A tentação

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- Ela esteve aqui ontem. - Espero que você não a tenha deixado entrar. - Ela foi muito persuasiva, não tive como impedir. - Não! Eu te disse para ter cuidado, Branca! Ela é assim, ninguém consegue resistir. Uma vez que você caia nas suas redes, acabou, eu te avisei. Ela descobre os pensamentos da gente, os desejos mais escusos e proibidos. E atinge exatamente o nosso ponto fraco. Quando você vê, está enredado, paralisado.  Somos todos humanos, mesmo você! - Eu tentei resistir, tranquei a porta e as janelas, dei-lhe as costas, coloquei os fones de ouvido para não escutar o que ela falava. Mesmo assim, no final da tarde, quando achei que ela havia ido embora, escutei os passos dela lá fora, rodeando a cabana. Eu ouvia a brisa e o farfalhar das folhas nas árvores enquanto ela cantava baixinho. Uma canção de ninar.  Parecia tão inocente, tão maternal. Vestia sua túnica púrpura e levava uma cesta de vime nos braços e de lá saiam frutos, flores, pães e bolos. Um odor de infância e proteção e

Casamento

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 Senti uma dor no coração quando vi outra mensagem daquelas para ele. Era a segunda naquela semana, escrita em tinta vermelha e perfumada. Meu Deus! Nós só tínhamos um ano de casados e aquele sem vergonha já tinha uma amante? Antes de nos casarmos, um dos seus amigos bem que tentou me avisar, mas eu achei que era ciúmes. Carlos sempre teve uma quedinha por mim, mas era de Haroldo que eu gostava, sempre foi. Haroldo era charmoso, atraente demais.  O casamento foi na igreja. Festa para 200 pessoas, lua de mel em Campos do Jordão e muitas promessas de amor e de fidelidade.  Eu vou matar aquele desgraçado! Resolvi esperar um pouco, talvez fosse precipitação minha. Afinal não dava para ter certeza só por aquelas mensagens. Haroldo continuava carinhoso como sempre, beijinhos na nuca, filminho com pipoca domingo à tarde, noites quentes. Mas, no dia seguinte, encontrei outra mensagem no bolso do seu paletó e essa era descarada e suja. Assinado: “Com amor, Mariana”. Merda! Só podia ser a colega