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"A Biblioteca de Paris"- Resenha- Um livro para os apaixonados por livros.

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Pode-se pensar que não há nada mais para se escrever sobre a Segunda Guerra Mundial porque, afinal, foram muitos livros, filmes e documentários ao longo de todos esses anos. Mas é impressionante como esse assunto não se esgota. “A Biblioteca de Paris” nos leva de volta ao período entre 1939 e 1944, pelas palavras de Odile, bibliotecária na Biblioteca Americana de Paris. Sua história alterna-se com a de Lily, uma menina americana, que vive entre 1983 e 1988, no meio da Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia.   Mas não se trata só de mais um best-seller sobre o assunto. Janet Skeslien Charles escreve com tanta sensibilidade e fluidez ao expor os perigos enfrentados pelos bibliotecários ao eclodir a Segunda Guerra, que não conseguimos parar de ler. É para se ler em “uma sentada”, mas com atenção e cuidado para não perdermos toda a poesia, o amor pelos livros e o conhecimento em literatura que perpassa todo a história. Odile, e seus companheiros que trabalham na biblioteca, enfrentam os

Espinheira Santa

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                         Há poucas semanas, eu voltei a um dos meus lugares preferidos, depois de muitos anos. Como sempre, eu me senti onde devia estar. No lugar onde posso me desligar das grandes e pequenas coisas, infinitas coisas que temos que fazer todos os dias, que temos que escutar ou ver acontecer, providenciar, aturar. Longe das notícias de um mundo doente, veneno que engolimos e respiramos e que vai direto ao coração. Eram dois dias longe de tudo isso e perto da calma e da natureza no grande santuário no interior de Minas Gerais, destinado à cura e ao encontro interior.  Normalmente eu durmo muito bem quando estou nesse lugar pra lá de especial, mas naquela noite meu corpo deu um sinal misterioso e completamente novo para mim. Uma forte dor de estômago, queimando, me acordou no meio da silenciosa madrugada. Eu estava sozinha no quarto, graças à epidemia que mudou toda a logística de acomodação dos visitantes. Sem nenhum medicamento e sem a quem pedir àquela hora. Tudo escuro

“Histórias quase, quase, quase, quase comuns.” - Resenha

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“Olhou para baixo. Havia uma mancha escura sob a água da piscina. Desceu a escadinha para ver mais de perto, era um pequeno vão retangular, onde faltava um azulejo. Tocou aquele lugar com o dedão do pé. O vão se esticou e formou uma fenda que permitia a passagem de alguém tão pequeno como ele. Mergulhou e enfiou a cabeça pela fenda. Dentro era seco e escuro. Fedia... a quê? Peixe, talvez. Vislumbrou algumas luzes flutuando na escuridão. Decidiu entrar, a fenda era elástica e lhe deu facilmente passagem. Viu-se no meio de uma feira. Em uma barraca mulheres descamavam os peixes e tiravam suas barrigadas, que jogavam a um canto, onde uma ninhada de gatos aproveitava os restos.”   Não há nada de comum nas histórias escritas por Christina Amorozo no seu primeiro livro “solo” publicado pela Editora Metamorfose. É possível comprovar isso no trecho acima, o início do conto “Desagregação”, onde nos vemos enredados numa realidade paralela, mas totalmente verossímil até para o mais cético dos lei

"Existe vida antes do primeiro livro" - Resenha

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  "Existe vida antes do primeiro livro" - Resenha "Existe vida antes do primeiro livro" é o primeiro livro de Cinthia Dalla Valle e nele ela nos conta sobre suas ansiedades, dúvidas e micos, ao pensar em publicar um livro. Cinthia mostra toda sua autenticidade e generosidade como escritora. De forma simples, despretensiosa e envolvente, incentiva os escritores iniciantes a perseguir esse grande sonho sem se deixar abater por críticas e evitando a qualquer custo a autossabotagem. Na primeira parte do livro, ela nos fala da sua premissa desde muito jovem: "só sei que sei escrever". A partir daí revela as dificuldades no caminho: como quebrar os mitos que nos fazem pensar não termos o tal "dom da escrita", nunca boicotar a própria escrita, impedir que a ansiedade te desvie do seu propósito e evitar o bloqueio do escritor. De forma corajosa e leve, ela fala sobre suas vulnerabilidades como pessoa e como enfrentar as críticas a que todos nós estamos e