Minhas duas faces - 6ª -O sonho

   6ª parte- Duas semanas antes- o sonho

Alguns dos nossos sonhos sabemos exatamente que não se tratam de sonhos realmente, mas são espécies de visões, como se alguém que não fala, quisesse nos passar uma mensagem muito complexa, sem palavras e em um curto espaço de tempo. Algumas vezes segundos devem bastar. Geralmente esse “alguém” somos nós mesmos, pelo menos é assim que acontece comigo. Naquela manhã eu acordei mais cedo que o normal, angustiada, com a visão e a sensação do sonho a minha volta.
“Havia um grande cachorro preto, ou poderia ser um lobo de tão grande. Ele se enroscava no meu pescoço como uma estola de pele. Uma energia pesada, pegajosa, desagradável, que eu sentia que iria estar comigo por muito tempo. Sabia que não conseguiria me livrar dele rapidamente. Ele iria se esmaecer com o tempo, bem lentamente. E talvez até sempre ficasse a sombra da sua presença. Sua boca estava aberta do lado direito do meu pescoço, na minha orelha, no lado direito do meu rosto, mostrando os dentes enormes e afiados, ameaçadores. Mas eu sabia que “aquilo” fazia parte de mim. De alguma forma não me era estranho, mesmo sendo tão ameaçador. Ele só estava lá.”
E assim o sonho terminou. Sonhos são sempre um grande desafio. “Decifra-me ou te devoro”. É o que esse tipo de sonhos parece nos dizer. E nesse caso parecia mesmo que aquele cachorro estava querendo devorar o lado direito do meu rosto, o lado acometido pela paralisia. Era a doença me sendo mostrada no plano astral antes de se concretizar no plano físico! Se eu poderia ter evitado, é uma pergunta difícil de responder...

Mas ele veio para me avisar de alguma coisa que iria definitivamente acontecer, a paralisia facial? Ou para me alertar de um apenas “possível desdobramento”, de uma probabilidade que poderia ou não acontecer, dependendo do rumo que eu tomasse? Essa última versão é a que daria um físico quântico ou um psicólogo. A primeira versão seria de um místico, de um jogador de tarô ou de um religioso.
O problema é que nunca vamos saber qual é a certa porque só podemos ter o ponto de vista de onde estamos, e não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo.  Se eu tivesse mudado o rumo da minha vida no dia seguinte daquele sonho, se eu tivesse, por exemplo, tirado umas férias de 15 dias, tivesse viajado, relaxado e descansado, possivelmente não teria tido a paralisia facial. Mas também nunca saberia que a paralisia estava no meu caminho!
É o que diz o gato de Schroedinger, o mais conhecido experimento da física quântica e que argumenta que a realidade acontece... quando a vemos!
 Um gato foi colocado numa caixa fechada com um pedacinho de material radioativo. Este tem 50% de chance de emitir uma partícula com decaimento para cima, o que acionaria uma alavanca liberando veneno e matando o gato; e 50% de chance de emitir uma partícula com decaimento para baixo, o que acionaria outra alavanca liberando alimento saudável para o gato. Os resultados possíveis, para cima o gato morre e para baixo ele vive, são os que esperaríamos no mundo do dia a dia. Mas para a física quântica o gato fechado na caixa está vivo e morto ao mesmo tempo, vivendo suas funções de onda e de partícula o gato está, e sempre estará, tanto vivo quanto morto. Só quando alguém, o observador, abre a caixa, a realidade se concretiza e então o gato está morto (ou vivo!).

Bom, é claro que a primeira versão do destino, a do místico, com certeza é mais simples de explicar: “Os fios de cabelo de sua cabeça, estão todos contados e nenhum deles cairá sem que seja a Minha Vontade”.  Não sei se é a real, mas é a explicação que mais nos conforta ao tentar entender algumas coisas da vida, como o que aconteceu no meu trabalho exatamente um dia antes dos sinais da paralisia facial.
                             


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