Mudança interior
Era um
sábado como outro qualquer e eu estava de manhã no portão da minha casa. Meus
filhos pequenos estavam brincando com o pai. Aproximou-se do portão uma
pessoa com alguns livros e panfletos na mão, era da “Campanha do Quilo”.
Naquela época, essa campanha recolhia alimentos não perecíveis para dar para
instituições de caridade. A pessoa pediu um quilo de alimento e me deu um
pequeno panfleto, parecendo um marcador de livro, com o seguinte texto:
Mudança Interior
“A
transformação interior é um longo trabalho, que exige atenção contínua, decisão
permanente, redobrada, em todos os atos cotidianos; trabalho de sintonia
constante para que não nos percamos, guardando a ideia viva de não desanimar,
prosseguir, recomeçar, todas as vezes que for necessário. A implantação de
novos hábitos só se torna real pela repetição exaustiva, o que não é nada
fácil. Processo longo, que exige dupla atenção: esquecer velhos automatismos e
implantar novos. Estamos sempre secundados, em nossos esforços, pela
assistência de nossos maiores, amigos espirituais que nos inspiram e fortalecem
nesse trabalho interior. A confiança
íntima é poderosa alavanca.”
Eu peguei
o panfleto e fui buscar um quilo de feijão para doar e me despedi daquela
pessoa que nunca mais eu vi, e que foi tão importante. Esse panfleto ficou comigo durante toda minha
vida e por um longo período eu o lia todos os dias, na esperança de que eu
pudesse mudar, trabalhar os meus muitos defeitos e me transformar em uma pessoa
melhor. Trinta anos depois o panfleto ainda está comigo, dentro da minha Bíblia.
Posso dizer que consegui algumas vitórias importantes nessa batalha interior, pelo
menos naquelas mais graves e que mais me incomodavam. Mas continuo nessa luta.
Não
desanimar, prosseguir e recomeçar sempre depois de cada tropeço, é o caminho para quem realmente quer se aproximar de um ideal do verdadeiro ser humano. Que está no mundo para manifestar virtudes e valores e que tantas vezes se afasta desse ideal. Por isso, e mais
do que nunca “é preciso manter nossa
lamparina acesa, no meio da noite escura dos tempos”.
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