Segredos do Caminho de Santiago- 3ª parte- Alerta vermelho: vendaval
Depois da discussão no dia anterior, não tinha “clima” para que eu caminhasse com minhas companheiras de viagem até Triacastela, o próximo destino a 24 km de distância. Elas estavam chateadas comigo, e eu me sentindo culpada e rejeitada.
Decidi
acordar mais cedo e sair sozinha. Encontraria com elas no final do dia no
albergue
em Triacastela.
Assim que levantei fiquei sabendo de um alerta vermelho avisando sobre vendaval naquela região do norte da Espanha, para aquele dia. Esses avisos são comuns em determinadas épocas do ano. Mas a chuva havia passado e o céu estava claro naquela manhã quando acordei. Não queria encontrar com minhas amigas, que já deveriam estar levantando. Portanto, tomei o café da manhã rapidamente, peguei minha mochila e saí.
em Triacastela.
Assim que levantei fiquei sabendo de um alerta vermelho avisando sobre vendaval naquela região do norte da Espanha, para aquele dia. Esses avisos são comuns em determinadas épocas do ano. Mas a chuva havia passado e o céu estava claro naquela manhã quando acordei. Não queria encontrar com minhas amigas, que já deveriam estar levantando. Portanto, tomei o café da manhã rapidamente, peguei minha mochila e saí.
Galicia |
Esperando o albergue abrir |
Tomei
um banho, comi alguma coisa num restaurante perto do albergue e fiquei por ali
mesmo, observando alguns peregrinos que chegavam, esperando ver Andreia e
Celinha chegarem a qualquer hora. Andreia devia estar mais calma, eu ia me
desculpar de novo e nós três chegaríamos em paz em Santiago de Compostela
dentro de poucos dias.
Mas
elas não chegaram. Fui dormir mais tarde esperando e pensando no que teria
acontecido. Será que desistiram de parar
em Triacastela e foram para outra cidade? Será que estavam evitando me
encontrar? No dia seguinte acordei triste e sem nenhuma pista sobre as duas.
Perguntei para outros peregrinos. Ninguém tinha noticias delas.
A
partir daí eu caminhei sozinha até Santiago. Posteriormente fiquei sabendo que
elas tentaram iniciar a trilha, mas desistiram por causa do vendaval. Ficaram
no Cebreiro naquele dia. Com isso nos separamos. Segui o meu caminho solitário
nos seis últimos dias, de Triacastela para Sarria, de Sarria a Portomarin, de Portomarin a Palais de Rei, de
Pais de Rei a Arzúa, de Arzúa a Ruá e finalmente de Ruá a Santiago de Compostela.
E
foi muito bom caminhar sozinha. Pude pensar na minha vida, sentir o cheiro
delicioso do ar da Galícia, curtir as paisagens e o verde, o clima mais frio e úmido.
Meu joelho continuava doendo mas não me impediu de caminhar. Por vários trechos
caminhei com peregrinos de todos os lugares do mundo e conversamos sobre nossas
vidas e nossos países. É impressionante a sensação de paz e de felicidade, não
importa o quão difícil ou doloroso possa ser algumas partes do Caminho. Mesmo
no frio, molhada ou com dor nos joelhos eu hoje me lembro da sensação de me sentir protegida, feliz e em paz, debaixo da minha capa de chuva amarela. Ali eu aprendi que dificuldades são fundamentais para nos tornar mais forte, assim como muito conforto nos debilita e nos torna medrosos.
Mas pensava sempre onde estariam Andreia e Celinha e comecei a lembrar dos nossos dias no Caminho.
Mas pensava sempre onde estariam Andreia e Celinha e comecei a lembrar dos nossos dias no Caminho.
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